sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um mundo, uma cultura

Com vinte e cinco anos tenho vontade e curiosidade de conhecer muitos lugares. A começar pelo meu país – Brasil. Cada região uma cultura diferente, um povo com sua história e sotaques. Minha curiosidade vai além, assim como o traço em um mapa. O traço sobe, vira para o lado e segue, desce, volta... Países como México, Canadá, Espanha e Portugal com certeza fazem parte do meu itinerário. Entretanto, tenho muita curiosidade em conhecer determinados lugares que estão longe de serem aclamados como o melhor ponto turístico do mundo. São lugares que podem mexer com meu interior, fazer ver a deficiência do ser humano e ir além em uma história registrada há séculos. Refiro-me a países do continente africano o e Afeganistão. Esse último chamou minha atenção não apenas pelo atentado ocorrido há oito anos nos Estados Unidos. Mas, por um livro que tive o privilégio de ler e tornou-se um dos meus preferidos, “Cidade do Sol” de Khaled Hosseini. Antes de comentar a respeito dessa belíssima obra, pesquisei um pouco sobre essa região vítima de tantos conflitos, há maior parte religiosa, mas que busca apenas encontrar a paz.
  Há séculos o Afeganistão é marcado por conflitos atingindo diretamente sua população. Esse país tão sofrido limita com o Paquistão ao sul e leste, com o Irã a oeste, com o Turcomenistão, o Uzbequistão e o Tadjiquistão ao norte, e com a China a nordeste.
  Ao longo de sua história, o Afeganistão assistiu a diversos invasores e conquistadores. No século VI a.C a região foi ocupada pela civilização bactriana – formada por um povo que incorporava elementos das culturas hindu, grega e persa. O país foi convertido ao islamismo no século 8, e ocupada pelos turcos gasnévidas, que foram derrotados no século 12 pelo afegão Mohammed de Ghor. Logo depois ocupou o Penjab (Índia) e fundou o sultanato de Deli, que fez parte do Afeganistão até 1526, quando foi conquistado pelo Império Mongol. No século 18, o país foi invadido pelos persas e posteriormente conquistou a sua independência com Ahmed Xá. O Império Durrani, fundado em 1747, tinha por capital a cidade de Kandahar; posteriormente a capital foi transferida para Cabul e a maior parte do seu território cedida a países vizinhos.
  Durante o século 19, Rússia e Inglaterra disputaram a influência sobre o Afeganistão, armando facções rivais em luta pelo poder. Com o enfraquecimento inglês na Primeira Guerra Mundial, através do emir Amanullah, o país obteve sua independência.
  Em 1928, o rei Amanullah promoveu uma modernização radical, mas o clero muçulmano revoltou-se, e o emir abdicou. Seu sucessor, o general golpista Nadir Xá, foi assassinado em 1933, sendo sucedido pelo filho, Mohammed Zahir Xá, que manteve o país neutro durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, Zahir Xá equilibrou-se entre EUA e URSS. Durante os anos 50, apoiou o Paquistão Oriental contra o Ocidental. Na Constituição de 1964, o Afeganistão adotou o parlamentarismo; o primeiro-ministro Hashim Maiwandwal (1965-1967) modernizou a economia e manteve a política de não alinhamento. Em 1973, por causa de uma crise econômica provocada por anos seguidos de secas desastrosas, o general Daud Khan deu um golpe de Estado e proclamou a República. No entanto, cinco anos depois o general foi derrubado por militares pró-soviéticos. A sociedade tradicional não aceitou as mudanças; após o assassinato dos governantes Taraki e Amin, Barbrak Kamal ocupou o poder com a ajuda soviética.
  A resistência dos fundamentalistas islâmicos (Mujahidins) iniciou uma guerra com a URSS, que durou até 1989. Brabrak Kamal foi sucedido por Mohammed Najibullah, que por sua vez, foi destituído em 1992.
  Os mujahidins ou “guerreiros sagrados” mantiveram-se unidos até a tomada do poder. Devido à diversidade étnica, dividiram-se. E em 1993 surgiu o Taleban – uma expectativa de muitos na mudança positiva do país. O que foi um enorme engano. Em 1996 essa milícia extremista islâmica tomou o poder em Cabul, impôs leis absurdas e utilizava da violência para repreender os “rebeldes”. Seu objetivo era estabelecer o "mais puro" Estado islâmico do mundo, banindo TV, música e cinema. O grupo adotou a lei islâmica, incluindo execuções públicas e amputações para criminosos, além de não reconhecer os direitos das mulheres. Eles proibiram que as mulheres frequentassem escolas e universidades ou trabalhassem fora da área de saúde. No entanto, em 2001 perderam a força, após o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos. A acusação de que estariam dando proteção a Osama Bin Laden – “cabeça” dos atentados, deram motivo para que os norte-americanos invadissem a região a caça do terrorista.
  Hoje, o Afeganistão ainda vive em plenos conflitos. Talvez mais intensos do que os anteriores. São 30 anos que aquele povo não conhece os significados das palavras alegria e paz. Mas, acredito que a única coisa que ainda não morreu em seus corações foi à esperança. Esperança de que uma grande nação venha acabar com todo aquele sofrimento e tira-los do mais profundo pesadelo. É nesse país que se passa à história narrada por Khaled Hosseini, “A Cidade do Sol”.
  Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rasheed, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser”. Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. Hosseini narra de uma forma delicada o encontro dessas duas mulheres, os sonhos, os medos e a esperança de serem felizes em uma terra que não existe paz.

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